Como as comunidades influenciam o futuro dos negócios

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Emiliano Agazzoni, fundador da CM School, conversou no Instagram com Elatia Abate, empreendedora, futurista e criadora do Future of Now & Mosaic Career, sobre como as comunidades influenciam o futuro dos negócios (e os negócios do futuro).

Elatia faz parceria com organizações que variam em tamanho, desde a Fortune 500 até startups em estágios iniciais, para ajudar os líderes a entender as crescentes interrupções em nosso mundo e canalizar essa interrupção em resultados tangíveis. Sua lista de clientes e parceiros inclui empresas como PricewaterhouseCoopers, UniGroup, Verizon, University of Arizona e University of Cincinnati.

 

Elatia também tem uma palestra TEDx intitulada “Pioneirismo no futuro do trabalho”. Anteriormente, ela atuou como Diretora Global, de Aquisição de Talentos da Anheuser-Busch InBev e Vice-Presidente de Recursos Humanos da Dow Jones & Company.

A empreendedora também já trabalhou com Tony Robbins e Trevor Noah, e foi nomeada futurista feminina pela Forbes. Não dá para perder esse conteúdo, né?

Bora lá!


Elatia Abate: Tive a ideia de fazer um experimento em setembro do ano passado porque, com a pandemia, vieram muitas perguntas de como iam ficar as comunidades, as conexões, o que tudo isso vai impactar no nosso mundo. Tive a ideia de mandar um convite para todas as minhas conexões no LinkedIn (4 mil e poucas na época) e convidar todos para uma conversa de 20 minutos, nos quais eu faria 5 perguntas:

* Como estamos conectados?
* O que você está fazendo agora?
* O que você vê como maior oportunidade?
* O que você enxerga como maior desafio?
* Que conselho você daria para outro ser humano para os próximos 18/24 meses?

Eu não sabia o que iria acontecer, mas, no final, foram 161 conversas, mais de 80 horas de diálogo com gente de 24 países. Foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. 85% dessas conversas foi centrada em saúde mental e resiliência. Ouvi isso de CEOs de grandes empresas, de estagiários, enfim, da Turquia, África do Sul, Malásia, Nova Zelândia…

Se a gente não acha uma maneira de criar conexão mais forte, independente se estamos juntos ou remotos, o mundo vai por um caminho que não acho muito legal, não… Por isso que a comunidade é tão importante.

Emiliano Agazzoni: Então vamos lá… Saúde mental e resiliência aplicados nos negócios. A gente vê que as pessoas se afetaram muito com a pandemia, mas o mais louco é que a gente participa de mais comunidades agora do que 50 anos atrás, então a gente está mais conectado. Como você enxerga isso?


Conectado é diferente de conexão

Elatia: Conectado é diferente de conexão. Nós aqui, conversando, estamos conectados, mas cabe a mim e você criar um ambiente que faça com que a gente se sinta parte de uma conexão. Conexão é algo mais profundo. No início da pandemia falavam que os níveis de produtividade estavam no céu, mas produtividade não é o mesmo que engajamento. As pessoas estão lidando com o desconhecido, então é o medo que impacta a produtividade. Eu não controlo nada além do meu trabalho, então como tenho medo de perder meu trabalho, vou ralar pra caramba, mas isso não é engajamento.

Uma das conversas que eu tive foi com uma pessoa que eu contratei quando dirigia a Anheuser-Busch InBev (Ambev global) e ele foi um dos primeiros trainees dos EUA e hoje ele é presidente de uma cervejaria no Oregon. Ele me disse “Elatia, tá todo mundo mais só e mais triste do que nunca", então ele criou uma prática que ele chama de “Amor Ódio Amor”. Com essa prática em todas as reuniões, o que ele faz? Todo mundo conta alguma coisa que amou no trabalho naquela semana, uma coisa que odiaram no trabalho naquele semana e uma coisa que amaram que aconteceu em casa, na vida particular. Isso começa a humanizar as pessoas, a quebrar um pouco essa parede invisível entre um e outro e começa a criar, de fato, uma conexão.

Emiliano: Como as empresas que interagem com comunidade, que estão gerando conexão com seus clientes podem atacar esses dois pontos de saúde mental e resiliência?

Elatia: Quando a gente fala de resiliência, eu sempre gosto de dividir em categorias ou assuntos comuns porque é mais fácil pra entender. Penso na resiliência da sociedade, resiliência da organização e resiliência do indivíduo. O framework que eu estou desenvolvendo tem 3 partes:

Clareza: de quem eu sou, o que eu faço e como proteger aquilo quando o mundo tá confuso. Fearlessness (baixar o medo): quando você você não sabe quando acaba a confusão, quando ela é por tempo indeterminado e você precisa continuar trabalhando e existindo, baixar o medo é super importante. E, por último, conexão.

Qual a estratégia, então? Lembre-se que tá todo mundo passando por uma coisa parecida. O contexto macro é igual. Então se você finge que não tem algo acontecendo, você vai sentir uma desconexão entre você e sua comunidade. Então quais as maneiras de criar uma experiência, convidar alguém para uma conversa?

No passado, abri minha porta no domingo e tinha uma planta na minha porta. WOW! Quem será que mandou? Em Detroit tem um evento de comunidade que não poderia acontecer por causa da pandemia, então eles mandaram essa planta como um gesto de conexão, de que sentiam minha falta, mas que a gente ia crescer junto… Eu fiquei tão emocionada com aquilo e mais engajada ainda naquela comunidade, mais dedicada àquilo que eu queria fazer para ajudar.

Emiliano: Essa comunidade é independente ou de algum negócio?

Elatia: Essa é independente. Detroit é uma cidade que passou por vários anos de dificuldades, então começaram a convidar expatriados da cidade para voltar e ver o que estava acontecendo em temas de inovação, investimento…


Comunidades que fortalecem negócios

Emiliano: Vejo isso acontecer em comunidades que não têm um negócio por trás. Os negócios que têm comunidade ainda não evoluíram nesse nível que você acabou de explicar. Não é uma camiseta, um copo… É uma planta! Vejo também um movimento das cidades repensarem como comunidades locais para fortaleceram os negócios.

Elatia: Exatamente. Quando a gente pensa em comunidade, tem comunidade física (de bairro) e tem comunidade digital. As pessoas mais jovens têm um perfil no Instagram, sim, faz suas postagens, mas está se reunindo atrás daquele perfil em comunidades menores, em salas de chat, WhatsApp, etc. Ali é que está acontecendo há vários meses as conexões e as comunidades. Então como criar uma experiência? Esse experimento que eu fiz em set/out do ano passado foi isso. Convidei todo mundo com quem eu conversei e tivemos uma conversa juntos sobre como foi a experiência, o impacto, o resultado, o que eles levaram e se criou um senso de comunidade super legal. Sair do transacional, do “extrair” e entrar no “dar”. Com o quê eu consigo contribuir?

Emiliano: Vejo as empresas investindo em influenciadores. As marcas usando as forças das redes sociais (que não são comunidades, são canais onde você pode trabalhar comunidades). E influenciador é isso: um para um milhão. É um transacional exponencial, diferente da comunidade, que é um milhão para um milhão.

Elatia: Exatamente. Isso que eu sinto com o influenciador é uma ilusão de conexão. Por isso que temos esse sentimento de vazio. Não é uma conexão verdadeira. É ser conectado. Por isso que eu fico fascinada com micro comunidades. Maneiras das pessoas de se sentarem em círculos e contarem suas histórias.

A gente cria a nossa própria realidade. Com as nossas palavras, nossos pensamentos, com as pessoas ao nosso redor. Então, o importante é você questionar: será que, de fato, é uma conexão? O que a gente quer dizer com comunidade e qual impacto queremos ter com isso?

O importante é testar. O passado era linear - receita de bolo. Agora não. Mesmo que você tenha todas as informações, você não pode prever o resultado.

Emiliano: Um amigo me diz que framework não é escalável, é incremental. Você pode usar para organizar suas ideias, mas nunca pode te limitar. Às vezes você precisa esquecer um pouco e testar outras coisas.

Elatia: Sim, e por isso que quando a gente fala de planejamento estratégico, não existe mais planejamento estratégico. Ou, se você usa, com certeza você está se limitando. Você sai disso para mapa estratégico, que já é um pouco mais flexível, mas ainda não é uma bússola estratégica. Ninguém sabe o que vai acontecer, mas se você tem uma bússola, sabe onde está o norte. Por isso que saber quem você é como empresa, como pessoa, seus valores, sua missão, etc, e aí você alinha suas atividades atrás disso. Se o mercado mudar, se chegar outra pandemia, não tem problema porque você tem seu norte.

Emiliano: Comunidade não é só uma experiência, mas também uma bússola para gerar insights…


Saber escutar

Elatia: Você falou uma palavra super importante, que é escutar. Eu diria “escutar e sentir”. Se você quer ser bem sucedido, você tem que deixar espaço para prestar atenção no que tá rolando no mundo. Para errar menos. Ter mais impacto. Acompanhar de maneira mais viva o que está acontecendo no mercado.

Emiliano: E entrar no flow…. Se errar, errou. Ficar leve no caminho…

Elatia: Por isso que eu gosto do experimento. Não precisa ser nada muito elaborado, que custa milhões de dólares. Algo simples com 2 dias, 7 dias você já pode aprender muitas coisas.

Quer assistir a colive e acompanhar as perguntas que foram feitas para a Elatia?
É só acessar o Instagram da CMSchool.

 

Amanda Salim
Amanda é jornalista, cofundadora da CM School e Head of Community for Latam no Mercado Favo.

 

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