Comunidades que não são comunidades

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 Comunidades que não são comunidades

Um grupo de WhatsApp ou Telegram é uma comunidade? É um canal? Como faço para diferenciar um grupo de uma comunidade?

Num bate-papo com Marcilio Lara, da SMXP, Emiliano Agazzoni discutiu os conceitos básicos de Community Management para ficar claro o que é uma comunidade, o que é um grupo, o que são as comunidades e o que definitivamente não são comunidades.

Marcilio faz o papel de Community Manager para “stalkear” (com seus próprias palavras) a galera e fazer as conexões entre elas. Ele entende cada player, o momento que estão passando e quem ele pode conectar com cada um dentro da jornada, além do trabalho de curadoria de conteúdo.

Desde 2020, Marcilio começou a criar conteúdo sobre a jornada do próprio CM, qual é o papel desta posição e isso impactou pessoas que tinham o mesmo sentimento que ele, mas não haviam externalizado isso.

Marcilio começou a falar que trabalhar com Telegram não quer dizer que você tem uma comunidade, que o CM de verdade não significa trabalhar com Social Media.

Emiliano Agazzoni: É isso aí, Marcilio. Community Manager é um malabarista. Faz de tudo um pouco.

Hoje vamos falar de WhatsApp, de grupos de Facebook, de Telegram, de Slack, de Instagram.

Conta a sua visão sobre o Telegram, Marcilio.

 

Marcilio Lara: Bom, eu entendo que o Telegram cresceu nos olhos da galera porque não tem restrição de quantidade de pessoas. Isso é muito bom para quem quer ter uma comunidade com muitos membros, porém UM CANAL NÃO É UMA COMUNIDADE.

É uma via de mão única. Só quem posta, quem publica, é o administrador daquele canal.

Você pode responder, fazer comentários, dar feedback, mas qualquer comunidade prevê troca de ideias. Se você tem um canal onde tudo que você consegue fazer é responder, isso é basicamente um lugar para onde você trouxe uma audiência grande dentro de uma ferramenta.

O ponto da comunidade é ouvir o outro e me identificar na fala do outro. Se eu só me identifico com quem está postando como administrador, me identifico na fala de um influencer. Tá tudo certo, só não chame isso de comunidade porque não é.

EA: Influencer é Community Manager?? Social Media Manager é Community Manager?

ML: Não…. O Community Manager pode ser um influenciador dentro da comunidade. O movimento que ele faz, a comunidade acompanha, então neste caso ele é, sim, um influenciador.

Por exemplo, dentro da SMXP, eu posso dizer que sou um micro influenciador. Se eu trago alguma coisa, se eu posto um link, as pessoas dão uma olhada diferente.

Então, de uma certa forma, dentro de um ecossistema eu posso dizer que sou um micro influenciador, mas não posso dizer que todo influenciador é um community manager.

EA: E grupo de WhatsApp? É uma comunidade?

ML: Também não. A gente vê um movimento claro de várias marcas ou lugares que vendem cursos têm várias turmas - isso te leva a pensar em começar a ter um senso de comunidade.

Não faz o menor sentido achar que um grupo desses é uma comunidade, apesar das pessoas estarem lá reunidas, mas muitas vezes você está lá forçado.

Comunidade você escolhe. É empatia por um assunto específico, os mesmos vínculos são compartilhados. Uma família pode ser uma comunidade? Claro! Devem ser, mas na grande maioria das vezes você não vê as pessoas ali porque querem crescer juntas.


Qual a diferença entre Social Media Manager e Community Manager?


  

EA: E quando falam que o CM é o dono do happy hour, das festinhas….?


ML:
O Community Manager é o cara que puxa os eventos, que tá à frente puxando a galera para as coisas acontecendo e que tá sofrendo para ver se vai dar certo, pensando “puxa, será que acertei com esse patrocinador?”.

CM tem que ter sempre a energia lá em cima. Você transmite o que sente pra galera. quando acaba o evento, ele está esgotado e pensa “me doei inteiro”. Essa é a realidade do CM.

 


Quer saber como criar eventos que engajem seus membros? Chega mais.


 

EA: Exatamente. É sobre serviços. O Community Manager precisa estar presente para moderar, oferecer um serviço, se doar, articular, empreender, pesquisar, olhar métricas, voltar, errar para acertar….

Mas e os Grupos de Facebook são comunidades?

ML: Não digo que sejam, mas são os que têm mais força, tanto por conta da narrativa do Facebook quanto das ferramentas específicas, né, porque dentro do Telegram e do WhatsApp, quais são as métricas que você pode ter? Engajamento, fluxo de conversa, quantas pessoas têm ali….

No grupo de Facebook, você consegue ir além. Uma coisa muito importante é que as comunidades precisam ser regradas. Um grupo do Facebook deixa as regras muito claras logo na entrada. Você vai pedir pra entrar e tem o pessoal dizendo quais são as regras de conduta e como deve ser lá dentro.

 

Ou seja, grupos de Facebook não são comunidades, mas podem ser uma excelente ferramenta para você criar uma comunidade a partir dele.

  

EA: É isso. O CM precisa ser muito estratégico, conhecer ferramenta e técnicas para receber e engajar. Saber fazer o onboarding, rituais, o que pode acontecer aqui, regras e combinados.

Mas vamos lá. E o Slack? O Slack, para quem não sabe, foi comprado pelas SalesForce. Eo Discord, é uma comunidade?

ML: Slack e Discord são muito nichados. Slack é muito voltado pra galera mais hightech, startup, desenvolvedor e o Discord é pra uma galera mais pra “frentona”, não é pra tia ou pro tiozão do zap - é um outro nível de interação.

 

Discord se apresenta como um lugar “onde você possa pertencer a um clube escolar, um grupo de gamers, ou uma comunidade artística mundial. Onde você e alguns amigos possam passar um tempo juntos. Um lugar que torna fácil conversar todos os dias e socializar com mais frequência.”

 

ML: Conheço várias empresas que não usam o WhatsApp, nem Facebook, nem e-mail - utilizam o Discord como ferramenta de comunicação interna com toda sua equipe, desde o time Financeiro até o desenvolvedor, mas é aquele negócio, é bem para nichos.

Então, a ferramenta em si não é uma comunidade, mas eles têm pontos positivos que você pode utilizar para gerenciar uma comunidade.

Se eu tenho uma startup, vou utilizar o Twitter e não o Facebook, por exemplo.

EA: É isso, você precisa conhecer o seu público. Eles são mais introvertidos ou extrovertidos? Preferem digitar ou utilizar voz? Ou ambos?

ML: Isso, a comunidade não é sua. Pode ser sua no sentido de concepção, mas só.

Estão perguntando do Clubhouse. A retenção com áudio que o ClubHouse conseguiu é sensacional. A facilidade de encontrar salas boas é incrível também. Então, são movimentos do mercado, assim como acontece com TikTok.

EA: Perfeito. A capacidade de conhecer novas pessoas e fazer networking no ClubHouse é sensacional. Vamos ver como vai ser quando ele crescer…

 

Quer assistir à colive na íntegra? Clique aqui.

 

Amanda Salim
Amanda é jornalista, cofundadora da CM School e Head of Community for Latam no Mercado Favo.

 

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